PRIMAVERAS ÁRABES... OUTONO EUROPEU
Este cartoon do "El Pais" ilustra bem a tragédia hipócrita que se abateu sobre a Síria. Mas não devemos esquecer como tudo começou, quando o "Ocidente", com os EUA à cabeça, decidiram derrubar os regimes laicos dos países árabes na miragem de aí instalar governantes mais abertos aos interesses das empresas e do governo americano. Para isso armaram bandos de insurgentes, quase todos eles igualmente opostos aos regimes laicos não por aspirarem a mais democracia, mas sim por quererem instaurar governos islâmicos mais (quase todos) ou menos(poucos) fundamentalistas. Chamaram a este favor à indústria de armamento e aos seus interesses comercias e geo-estratégicos "Primaveras Árabes". O resultado foi o que se viu: Os governos laicos a serem substituídos por regimes islâmicos, as armas fornecidas a virarem-se contra quem as forneceu, a instabilidade a crescer e perigos até aí inexistentes a ganharem dimensão de ameaças globais. Da liberdade nada se soube. Continuou sem existir nesses países. A Primavera árabe não passou de um tímido Verão de S. Martinho (ou talvez S. Bush). Mas em contrapartida a exportação do terrorismo para a Europa, para o coração do Ocidente, fez perigar drasticamente as nossas próprias liberdades, sujeitas a limitações excepcionais (dizem) para fazer frente ao perigo do terror que surgiu após a nossa bem intencionada (dizem) tentativa de dar a liberdade aos outros.A palavra de ordem era mais ou menos "Hás-de ser livre, nem que para isso tenha de te matar!" Na prática funcionámos como bons escuteiros que ajudaram a velhinha a atravessar a rua... só que a velhinha não queria atravessar a rua e morreu atropelada ao tentar regressar ao passeio original! E assim as Primaveras Árabes transformaram-se no Outono Europeu. E, ou muito me engano, ou com a trampa do Trump, vem aí um longo Inverno!